ÁLCOOL

15/02/2012 16:42

O problema da dependência alcoólica é uma realidade no mundo e vem aumentando no Brasil. Segundo a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), 78% dos jovens brasileiros bebem regularmente e, deste número, 19% são considerados dependentes do álcool.

“Existe no nosso organismo uma região chamada “sistema de recompensa”, é uma região cerebral responsável pelas sensações prazerosas, ou seja, se uma ação me deu prazer, a tendência é que repitamos aquele ato. O neurotransmissor responsável por estas sensações de prazer é chamado de ‘dopamina’, e o álcool aumenta o estímulo deste neurotransmissor mais do que o natural”, explica o psiquiatra Nilton Lyrio.

Segundo Nilton, cada vez que o indivíduo bebe, a liberação da dopamina vai ficando mais intensa e o organismo tende a querer repetir, em doses maiores, as sensações prazerosas causadas pelo uso frequente do álcool. Daí surge a dependência química.

 

 

“Há indivíduos que dizem: ‘eu bebo só nos finais de semana, por isso nunca vou ser um dependente’. Mas a pergunta é: ‘você bebe nos finais de semana, mas o faz de forma intensa e compulsiva a ponto de perder a conta do que bebeu?’. Se a resposta for ‘sim’, então você pode ser considerado um dependente, porque não tem controle sobre a substância”, diz dr. Nilton.

No Brasil, cerca de 18 milhões de pessoas sofrem com a dependência do álcool e muitas são as razões que as levam a se tornarem  dependentes. Segundo dr. Nilton, além da frequência no consumo existem pessoas que trazem uma predisposição genética que aumenta a probabilidade do vício. “Se alguém já tem na família um histórico de pessoas com o vício do álcool, ela deve ter um cuidado redobrado, porque pode trazer este gen do alcoolismo”, alerta o psiquiatra.

O tratamento

É preciso a clareza de que a dependência química é uma doença e, como tal, deve ter  acompanhamento profissional. O dependente precisa entender que está doente e querer ajuda. No entanto, um fator importantíssimo na recuperação do indivíduo é o apoio familiar. “A família precisa ter paciência e ser presença na vida deste jovem para que ele entenda que a dependência do álcool é uma doença”, diz a psicóloga Elaine Ribeiro.

No Brasil, o auxílio às pessoas com dependência química é quase zero por parte do Governo. Na maioria das vezes, a internação e a recuperação dos adictos cabe às instituições não governamentais como Alcoólicos Anônimos (AA), Pastoral da Sobriedade e comunidades terapêuticas de cunho religioso. Um estudo realizado pela PubMed revela que pessoas que dão importância a algum tipo de culto ou espiritualidade são menos propensas à dependência química; além disso, o dependente que se recupera em comunidades de cunho religioso apresentam resultados mais satisfatórios do que aqueles tratados em clínicas médicas convencionais.

“A gente percebe a diferença em uma pessoa que dá importância à religião e à espiritualidade no tratamento. Às vezes, a gente pensa que aquela pessoa não tem recuperação, mas vem Deus e muda a história dela de forma maravilhosa e surpreendente”,  conta-nos Márcia Hoenhe da Pastoral da Sobriedade da diocese de Lorena (SP).