Droga/Vida

21/07/2011 12:59

 

Diante de qualquer situação da vida devemos ter presente ao menos 2 coisas: o chão em que pisamos e o horizonte que nossa vista alcança. O primeiro nos dá o senso do real e evita que tropecemos já nos passos iniciais; mas é o segundo que aponta para onde o caminho nos levará.
Não precisa muita genialidade intelectual nem explicações para entender isto. Tudo o que tira o senso do real e limita o horizonte da vida é uma verdadeira “droga”, uma fantasia, uma ilusão. Assim é a ilusão e a fantasia criadas pelas novelas, pela música e pelo fanatismo esportivo ou religioso de alguns seguimentos humanos. Tão danosos quanto estas drogas psico-religiosas são os entorpecentes que se propaga livremente na mídia e se ingere no Brasil. Me lembro dos anos vividos no Canadá! Propaganda na mídia, de coisas que incentivam os vícios: cigarro, bebidas, etc, é proibido. Consumo de bebida alcoólica em ambientes abertos ou públicos é proibido - aí incluso a venda e o consumo por parte de menores de idade. O Estado tem a obrigação de cuidar da saúde de seus cidadãos, assim como os pais devem fazer com os filhos. Não ví ninguém reclamar de cerceamento ou falta de liberdade naquele país; o humano está acima do econômico.
Infelizmente, no Brasil, a situação é inversa e perversa; o país carece de bom senso neste quesito. Basta ver as chamadas “marchas da liberdade” perambulando pelas ruas de certas cidades. Verdade seja dita, são marchas em defesa da maconha e de tantas outras “drogas” que desfiguram a imagem do ser humano, excluem o senso do real e limitam o horizonte de uma sociedade saudável. As coisa parecem mesmo de “ponta cabeça” por aqui; pedimos a liberação de drogas e de armas e depois construímos presídios e centros de recuperação para os dependentes! Consumimos discursos e fortunas como o mal falado “kit gay” para as escolas, quando em milhares delas não tem nem carteiras decentes ou professores qualificados e remunerados adequadamente. Porque então não fazer um “kit família” ensinando as virtudes e valores de um pai e mãe de família? Um “kit educação” para relações saudáveis e respeito entre os familiares, entre professores e alunos? Ou porque não um “kit vergonha na cara” ensinando a respeitar as coisas públicas, a não ser corrupto na política e no dia a dia da vida?
A magnitude destes problemas, verificados nas últimas décadas, ganhou proporções tão graves que hoje tornou-se um desafio à saúde pública no país. Além disso, este descuido com o “humano” respinga também nos demais segmentos da sociedade por sua relação comprovada com os agravos sociais, tais como: acidentes de trânsito e de trabalho, violência domiciliar e crescimento da criminalidade.
Sabemos que não basta lutar simplesmente contra as drogas ou o tráfico - criar centros de recuperação ou presídios - se esquecemos de lutar contra as causas que levam as pessoas ao consumo e à dependência química. O combate a todos os tipos de drogas acima citados deve se dar principalmente no âmbito familiar, educacional, político, psico-social, econômico e espiritual. Segundo antigo dito popular, “a ocasião faz o ladrão”; o sistema preventivo sempre foi e será o melhor caminho a ser seguido; o resto é ilusão, fantasia ou interesse econômico às custas da desintegração pessoal, familiar e social. Uma sociedade que se lança na contra-mão do bom senso pagará seu preço. Cada ato gera consequências. Pelas sementes hoje plantadas, pode-se prever quais frutos colherão nossos filhos.


Pe. Jair Fante
Coordenador da Diocese de Cáceres